quinta-feira, 24 de maio de 2012



O Grupo de Estudos Culturais na Amazônia (GECA/CNPq/UFPA) convida professore(a)s, aluno(a)s, pesquisadore(a)s interessados nos diálogos interculturais e interdisciplinares a inscreverem trabalhados para os GTs abaixo apresentados:

GT 01- TÍTULO DO GRUPO DE TRABALHO: Abordagens interdisciplinares em narrativas e histórias
EIXO TEMÁTICO: Estudos culturais nas Amazônias
COORDENADOR 1: Agenor Sarraf Pacheco (GECA/CNPq/UFPA)
COORDENADOR 2: Mário Médice Costa Barbosa (GECA/CNPq/IFPA)
EMENTA:
Os Estudos Culturais tornaram-se campo teórico interdisciplinar em 1964, na Universidade de Birmingham, Londres. Um grupo de intelectuais atuante ou simpatizante do Partido Comunista Britânico (PCB), desencantado com a direção política que o partido dava às questões diplomáticas, em tempos de Guerra Fria, e a maneira como a teoria marxista explicava a realidade social, depois da invasão da Hungria pela URSS em 1956, saíram em derrocada e fundaram a Nova Esquerda. Raymond Williams, Richard Hoggart e Stuart Hall, pais fundadores do Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS) preocuparam-se em problematizar e apreender “as relações entre a cultura contemporânea e sociedade, isto é, suas formas culturais, instituições e práticas culturais” (ESCOSTEGUY, 2006, p. 138).
A partir daí, caminhando em diferentes e convergentes direções, questionando as temáticas tradicionais, incentivaram seus alunos a investigarem o cotidiano de vida e luta da classe trabalhadora, a cultura popular, a arte e a literatura popular, a expansão dos meios de comunicação, o racismo e as políticas raciais e as questões de gênero. Tomando por base essa trajetória e refletindo sobre o mundo amazônico em diferentes territórios e tempos históricos, a proposta do GT é agregar estudantes e professores de graduação e pós-graduação interessados em investigar a realidade social amazônica pelo ângulo da cultura. Entende-se cultura na perspectiva dos CCCS como “uma forma completa de vida, material, intelectual, espiritual” (WILLIAMS, 1976, p. 16), “incluindo o comportamento simbólico” (NELSON et al., 1995, p. 14) e os sentidos e significados que as pessoas de florestas e cidades dão às suas experiências sociais (PACHECO, 2006).
É preciso não olvidar que historicamente populações amazônidas têm sido alijadas dos grandes programas de inclusão socioeconômicos, científicos e culturais, pois somente nas duas últimas décadas, as pesquisas acadêmicas voltaram seus interesses para experiências vividas por segmentos socialmente marginalizados, principais patrimônios da região. Tradicionalmente esses grupos foram vistos como desprovidos de “cultura”. De um modo geral, pessoas de camadas pobres, oriundas das tradições orais, rurais, foram interpretadas pelo olhar colonizador e eurocentrado (ANTONACCI, 2011) como pessoas carentes de civilização e relegadas aos subterrâneos do conhecimento acadêmico. Por esses termos, o Grupo de Estudos Culturais na Amazônia (GECA/CNPq), apresenta o GT, com o objetivo de enfrentar esses imaginários depreciativos sobre povos da floresta, do campo, das águas, das beiras de estradas, de aldeias, de quilombos e mocambos, de periferias urbanas ou de ambiente de margens silenciadas. Propõe-se ainda a enunciar, a partir de suas pesquisas e dos diálogos interdisciplinares, outras histórias, narrativas e memórias da cultura popular, oral, erudita e massiva que se configura na e a partir desta região em suas múltiplas faces. A proposta deste GT visa, portanto, reconfigurar olhares tradicionais sobre os agentes sociais amazônidas para garantir seus direitos nas diretrizes de políticas afirmativas de respeito à diversidade e às diferenças em perspectivas interculturais.

GT 11- TÍTULO DO GRUPO DE TRABALHO: Identidades, saberes e religiosidades amazônicas
EIXO TEMÁTICO: Religiosidades afroindígenas nas Amazônias
COORDENADOR 1: Italva Miranda da Silva (IFAC)
COORDENADOR 2: Jerônimo da S. e Silva (PPGA/GECA/UFPA)
EMENTA:
No interior da floresta amazônica somos apresentados a múltiplos territórios, paisagens terrestres e aquáticas, com inúmeras espécies de árvores, rios, igapós, vida animal e mineral em fecunda profusão, bem como, ambientes mutáveis, anfíbios. Enraizados nesses espaços, emergem sujeitos culturais, imigrantes, povos tradicionais, centenas de nações ameríndias, que, desde tempos imemoriais, plasmas “saberes-fazeres” em regiões da Amazônia brasileira. Somamos a essa realidade cultural, formas dinâmicas e polissêmicas da ocupação negra: há quatro séculos, sujeitos históricos em movimentos diaspóricos, de culturas atávicas e compósitas, oriundas de uma infinidade de Áfricas são mescladas e hibridizadas em processos, encontros e confrontos culturais ainda em pleno devir. O encontro das populações em questão resulta na constituição de uma realidade cosmológica onde entidades espirituais e florestais, seres incorpóreos e deuses ameríndios, têm suas identidades renegociadas e re significadas junto à constelação de orixás, vodus, inkizes, mestres, caboclos, reis, princesas e encantarias que habitam, simultaneamente, atmosfera aérea, terrestre e hídrica. Esses reinos, cidades e dimensões espirituais estão em diálogo perene com o panteão de santos do catolicismo devocional e representações de deuses/deusas cristãos: Pai, Filho, Espírito Santo e Maria [?] subsumidos na diversidade dos cristianismos locais. Assim, o presente GT busca compreender através do diálogo com pesquisadores da história, antropologia, sociologia, comunicação, artes, museologia, literaturas, educação, geografia, ciências da religião, dentre outros, a articulação entre o pensar e os sentidos de êxodos, viagens e exílios dessas potências espirituais enquanto perspectiva teórico-metodológica, no intuito de problematizar a realidade fluida das “zonas de contato” de matrizes afroindígenas em povoados amazônicos, bem como, suas experiências de vida, rituais, sabedorias orais, memórias, imaginários e sociabilidades que fundamentam o representar dos diferentes papéis, sentidos e ambiguidades das identidades em questão.

GT 13- TÍTULO DO GRUPO DE TRABALHO: Estudos culturais e educação: diálogos e desafios
EIXO TEMÁTICO: Os estudos culturais nas Amazônias
COORDENADOR 1: Patrícia Carvalho Redigulo (Fameta/AC)
COORDENADOR 2: Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues (GECA/UFPA)
EMENTA:
O diálogo entre Estudos Culturais e Educação é historicamente interrelacional. A experiência com a educação de jovens e adultos possibilitou a Richard Hoggart, Raymond Williams, E. P. Thompson e Stuart Hall compreenderem que a escrita do conhecimento em humanidades não pode deixar de valorizar os saberes-fazeres dos diferentes grupos sociais que conformam uma sociedade. Williams em balanço sobre o futuro desse campo teórico avalia que os vários desenvolvimentos do Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS) em Birmingham, não se deu através dos textos considerados seminais, “mas, na realidade, já no final da década de 1940, com precedentes notáveis na educação de militares durante a guerra, e com alguns precedentes mesmo na década de 1930 (...), os Estudos Culturais eram extremamente ativos na Educação para adultos” (2011, p. 175). Deste modo, a convivência com expectativas, necessidades e visões de mundo de trabalhadores pobres, habitantes de bairros industriais ou periféricos de cidades inglesas como Londres, especialmente como alunos de escolas populares, permitiu a estes intelectuais revisões em suas interpretações sobre o mundo contemporâneo e seus dilemas, bagagem que se traduziu na formatação das ideias mestras que originaram o CCCS. Tomando por base essa aliança histórica entre tais campos do conhecimento, as novas formas de diálogo e os desafios postos pelas diferentes maneiras de abordar a experiência educacional em perspectiva cultural, este GT convida alunos, professores e pesquisadores interessados nesse debate interdisciplinar a apresentarem resultados de pesquisas, investigações em andamento ou iniciais, cujo foco esteja centrado no cotidiano escolar e seus múltiplos sujeitos históricos. Assim, partindo das vivências que costuram o fazer-se da escola e da vida em sociedade, o GT tem interesse em problematizar tensões, relações de poder, hibridações, interculturalidades, trocas culturais, representações e construções identitárias, perdas e ressignificações de saberes-fazeres escolares em diferentes tempos e contextos socioculturais.
Cronograma:
Inscrição ouvintes: 21 de maio a 31 de outubro de 2012
Submissão de resumos para apresentação de comunicações em Gts:
23 de maio a 22 de julho de 2012
Submissão de resumos para apresentação de pôsteres:
21 de maio a 20 de julho de 2012
Publicação dos resumos aprovados:
30 de julho de 2012
Emissão das Cartas de Aceite:
31 de julho a 05 de agosto de 2012
Envio dos artigos completos para publicação nos anais:
15 de setembro de 2012
Realização do evento: 05 a 09 de novembro de 2012