O
Grupo de Estudos Culturais na Amazônia (GECA/CNPq/UFPA) convida professore(a)s,
aluno(a)s, pesquisadore(a)s interessados nos diálogos interculturais e
interdisciplinares a inscreverem trabalhados para os GTs abaixo apresentados:
GT 01- TÍTULO
DO GRUPO DE TRABALHO: Abordagens interdisciplinares em narrativas e histórias
EIXO
TEMÁTICO: Estudos culturais nas Amazônias
COORDENADOR
1: Agenor Sarraf Pacheco (GECA/CNPq/UFPA)
COORDENADOR 2:
Mário Médice Costa Barbosa (GECA/CNPq/IFPA)
EMENTA:
Os Estudos Culturais tornaram-se campo teórico
interdisciplinar em 1964, na Universidade de Birmingham, Londres. Um grupo de
intelectuais atuante ou simpatizante do Partido Comunista Britânico (PCB), desencantado
com a direção política que o partido dava às questões diplomáticas, em tempos
de Guerra Fria, e a maneira como a teoria marxista explicava a realidade
social, depois da invasão da Hungria pela URSS em 1956, saíram em derrocada e
fundaram a Nova Esquerda. Raymond Williams, Richard Hoggart e Stuart Hall, pais
fundadores do Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS) preocuparam-se em
problematizar e apreender “as relações entre a cultura contemporânea e
sociedade, isto é, suas formas culturais, instituições e práticas culturais”
(ESCOSTEGUY, 2006, p. 138).
A partir daí, caminhando em diferentes e convergentes
direções, questionando as temáticas tradicionais, incentivaram seus alunos a
investigarem o cotidiano de vida e luta da classe trabalhadora, a cultura
popular, a arte e a literatura popular, a expansão dos meios de comunicação, o
racismo e as políticas raciais e as questões de gênero. Tomando por base essa
trajetória e refletindo sobre o mundo amazônico em diferentes territórios e
tempos históricos, a proposta do GT é agregar estudantes e professores de
graduação e pós-graduação interessados em investigar a realidade social
amazônica pelo ângulo da cultura. Entende-se cultura na perspectiva dos CCCS
como “uma forma completa de vida, material, intelectual, espiritual” (WILLIAMS,
1976, p. 16), “incluindo o comportamento simbólico” (NELSON et al., 1995, p.
14) e os sentidos e significados que as pessoas de florestas e cidades dão às
suas experiências sociais (PACHECO, 2006).
É preciso não olvidar que historicamente populações
amazônidas têm sido alijadas dos grandes programas de inclusão socioeconômicos,
científicos e culturais, pois somente nas duas últimas décadas, as pesquisas
acadêmicas voltaram seus interesses para experiências vividas por segmentos
socialmente marginalizados, principais patrimônios da região. Tradicionalmente
esses grupos foram vistos como desprovidos de “cultura”. De um modo geral,
pessoas de camadas pobres, oriundas das tradições orais, rurais, foram
interpretadas pelo olhar colonizador e eurocentrado (ANTONACCI, 2011) como
pessoas carentes de civilização e relegadas aos subterrâneos do conhecimento
acadêmico. Por esses termos, o Grupo de Estudos Culturais na Amazônia
(GECA/CNPq), apresenta o GT, com o objetivo de enfrentar esses imaginários
depreciativos sobre povos da floresta, do campo, das águas, das beiras de
estradas, de aldeias, de quilombos e mocambos, de periferias urbanas ou de
ambiente de margens silenciadas. Propõe-se ainda a enunciar, a partir de suas
pesquisas e dos diálogos interdisciplinares, outras histórias, narrativas e
memórias da cultura popular, oral, erudita e massiva que se configura na e a
partir desta região em suas múltiplas faces. A proposta deste GT visa,
portanto, reconfigurar olhares tradicionais sobre os agentes sociais amazônidas
para garantir seus direitos nas diretrizes de políticas afirmativas de respeito
à diversidade e às diferenças em perspectivas interculturais.
GT 11- TÍTULO
DO GRUPO DE TRABALHO: Identidades, saberes e religiosidades amazônicas
EIXO
TEMÁTICO: Religiosidades afroindígenas nas Amazônias
COORDENADOR
1: Italva Miranda da Silva (IFAC)
COORDENADOR
2: Jerônimo da S. e Silva (PPGA/GECA/UFPA)
EMENTA:
No interior da floresta amazônica somos apresentados a
múltiplos territórios, paisagens terrestres e aquáticas, com inúmeras espécies
de árvores, rios, igapós, vida animal e mineral em fecunda profusão, bem como,
ambientes mutáveis, anfíbios. Enraizados nesses espaços, emergem sujeitos
culturais, imigrantes, povos tradicionais, centenas de nações ameríndias, que,
desde tempos imemoriais, plasmas “saberes-fazeres” em regiões da Amazônia
brasileira. Somamos a essa realidade cultural, formas dinâmicas e polissêmicas
da ocupação negra: há quatro séculos, sujeitos históricos em movimentos
diaspóricos, de culturas atávicas e compósitas, oriundas de uma infinidade de
Áfricas são mescladas e hibridizadas em processos, encontros e confrontos
culturais ainda em pleno devir. O encontro das populações em questão resulta na
constituição de uma realidade cosmológica onde entidades espirituais e
florestais, seres incorpóreos e deuses ameríndios, têm suas identidades
renegociadas e re significadas junto à constelação de orixás, vodus, inkizes,
mestres, caboclos, reis, princesas e encantarias que habitam, simultaneamente,
atmosfera aérea, terrestre e hídrica. Esses reinos, cidades e dimensões
espirituais estão em diálogo perene com o panteão de santos do catolicismo
devocional e representações de deuses/deusas cristãos: Pai, Filho, Espírito
Santo e Maria [?] subsumidos na diversidade dos cristianismos locais. Assim, o
presente GT busca compreender através do diálogo com pesquisadores da história,
antropologia, sociologia, comunicação, artes, museologia, literaturas,
educação, geografia, ciências da religião, dentre outros, a articulação entre o
pensar e os sentidos de êxodos, viagens e exílios dessas potências espirituais
enquanto perspectiva teórico-metodológica, no intuito de problematizar a
realidade fluida das “zonas de contato” de matrizes afroindígenas em povoados
amazônicos, bem como, suas experiências de vida, rituais, sabedorias orais,
memórias, imaginários e sociabilidades que fundamentam o representar dos
diferentes papéis, sentidos e ambiguidades das identidades em questão.
GT 13- TÍTULO
DO GRUPO DE TRABALHO: Estudos culturais e educação: diálogos e desafios
EIXO
TEMÁTICO: Os estudos culturais nas Amazônias
COORDENADOR
1: Patrícia Carvalho Redigulo (Fameta/AC)
COORDENADOR
2: Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues (GECA/UFPA)
EMENTA:
O diálogo entre Estudos Culturais e Educação é
historicamente interrelacional. A experiência com a educação de jovens e
adultos possibilitou a Richard Hoggart, Raymond Williams, E. P. Thompson e
Stuart Hall compreenderem que a escrita do conhecimento em humanidades não pode
deixar de valorizar os saberes-fazeres dos diferentes grupos sociais que
conformam uma sociedade. Williams em balanço sobre o futuro desse campo teórico
avalia que os vários desenvolvimentos do Centre for Contemporary Cultural
Studies (CCCS) em Birmingham, não se deu através dos textos considerados
seminais, “mas, na realidade, já no final da década de 1940, com precedentes
notáveis na educação de militares durante a guerra, e com alguns precedentes
mesmo na década de 1930 (...), os Estudos Culturais eram extremamente ativos na
Educação para adultos” (2011, p. 175). Deste modo, a convivência com
expectativas, necessidades e visões de mundo de trabalhadores pobres,
habitantes de bairros industriais ou periféricos de cidades inglesas como Londres,
especialmente como alunos de escolas populares, permitiu a estes intelectuais
revisões em suas interpretações sobre o mundo contemporâneo e seus dilemas,
bagagem que se traduziu na formatação das ideias mestras que originaram o CCCS.
Tomando por base essa aliança histórica entre tais campos do conhecimento, as
novas formas de diálogo e os desafios postos pelas diferentes maneiras de
abordar a experiência educacional em perspectiva cultural, este GT convida
alunos, professores e pesquisadores interessados nesse debate interdisciplinar
a apresentarem resultados de pesquisas, investigações em andamento ou iniciais,
cujo foco esteja centrado no cotidiano escolar e seus múltiplos sujeitos
históricos. Assim, partindo das vivências que costuram o fazer-se da escola e
da vida em sociedade, o GT tem interesse em problematizar tensões, relações de
poder, hibridações, interculturalidades, trocas culturais, representações e
construções identitárias, perdas e ressignificações de saberes-fazeres
escolares em diferentes tempos e contextos socioculturais.
Cronograma:
Inscrição
ouvintes: 21 de maio a 31 de outubro de 2012
Submissão de
resumos para apresentação de comunicações em Gts:
23 de maio a
22 de julho de 2012
Submissão de
resumos para apresentação de pôsteres:
21 de maio a
20 de julho de 2012
Publicação
dos resumos aprovados:
30 de julho
de 2012
Emissão das
Cartas de Aceite:
31 de julho
a 05 de agosto de 2012
Envio dos
artigos completos para publicação nos anais:
15 de
setembro de 2012
Realização
do evento: 05 a 09 de novembro de 2012