A comissão organizadora do "I Congresso Pan-Amazônico e VII Encontro da Região Norte de História Oral - História do Tempo Presente & Oralidades na Amazônia" anuncia os Simpósios Temáticos, confirmados até a presente data, destinados às inscrições de trabalhos dos participantes.
27 até o dia 30 de Março de 2012
ENVIO DE RESUMO ATÉ DIA 07 DE MARÇO
Fonte: http://aphoral.ufpa.br
SIMPÓSIOS TEMÁTICOS (GTs)
1) MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO: MEMÓRIAS E FONTES ORAIS
Coordenadores:
Ms. Elias Diniz Sacramento (Cametá-UFPA), edsacramento5@yahoo.com.br
Ms. Airton dos Reis (UEPA), Pereira airtonper@yahoo.com.br
Fábio Pessôa (Seduc-PA), fabiopessoa@hotmail.com
O Estado do Pará tornou-se conhecido pela violência no campo. Centenas de casos foram noticiados nos últimos 40 anos pela imprensa e outros meios de comunicação. Dos anos de 1970 até os dias atuais, o resultado dessas disputas tem dado ao território paraense este titulo indesejável de campeão de conflitos agrários. Por isso a importância da temática voltada para esta discussão neste Encontro de História Oral. Procurar compreender por que este processo começou, e muito mais, por que em pleno século XXI, ainda se vive esta realidade. Quais os personagens envolvidos neste cenário, quais suas funções, e acima de tudo, suas vozes, são algumas das questões que se pretende debater. Trazer nas fontes orais de pesquisadores, as memórias do sofrimento, do descaso, da luta, da resistência, do sofrimento, das angustias, das alegrias, das conquistas, será vital para uma maior compreensão da temática proposta. A história do tempo presente, daqueles que no dia-a-dia procuram fazer ‘sua própria história’, contrariando a história oficial, história regida por leis e por senhores que a regem.
2) TRABALHO ESCRAVO NA AMAZÔNIA LEGAL NO TEMPO PRESENTE
Coordenadores:
Ms. Fagno da Silva Soares (IFMA), fagno@ifma.edu.br
Ms. José Carlos Aragão (UFMA)
Este simpósio temático propõe reunir pesquisadores de diversas áreas do conhecimento que discutam temáticas relacionadas à ao trabalho escravo contemporâneo na Amazônia sob a tríplice articulação cotejante entre trabalho, escravidão e Amazônia, considerando as matrizes teóricas e metodológicas da história oral filigranadas e perpassadas pelos conceitos de história, memória e identidade. Destarte, objetiva-se socializar pesquisas já concluídas ou/em andamento que discutam a escravidão por dívida na Amazônia brasileira.
3) IDENTIDADES, CULTURAS E DINÂMICAS SOCIAIS NA AMAZÔNIA
Coordenadores:
Dr. Dernival Venâncio Ramos Júnior (UFT), dernivaljunior@gmail.com
Profa. Dra. Idelma Santiago da Silva (UFPA-Marabá), idelmasantiago@gmail.com
O presente simpósio temático acolherá e discutirá trabalhos de investigação com história oral relativos às culturas, identidades e dinâmicas sociais na Amazônia. Neste sentido, privilegiará trabalhos que concebam a cultura em seu dinamismo e objeto das relações de forças desiguais na sociedade, com os seguintes enfoques temáticos: narrativas orais e construção de saberes, memórias e identidades; práticas sócio-culturais e representações discursivas que mobilizem sentidos das dinâmicas sociais; culturas de migração e fronteiras; reorganização do espaço e legitimação das práticas sociais pautadas na atualização das identidades e nas dinâmicas de reconhecimento.
4) PRÁTICAS DE ENSINO, HISTÓRIAS DO ENSINO
Coordenadoras:
Dra. Franciane Gama Lacerda (UFPA), fgl@amazon.com.br
Ms. Stela Pojuci Ferreira de Morais (UNAMA)
Interessa a este grupo de trabalho pesquisas que versem sobre variadas práticas de ensino, ou que investiguem a história do ensino e dos sujeitos sociais envolvidos com esta experiência a partir da metodologia da história oral. Assim, o grupo receberá propostas de comunicação relativas a pesquisas que tenham como foco de análise a história da educação abordando questões como formação de professores, os significados atribuídos à docência no passado e no presente, as lutas políticas de professores e alunos em momentos diversos, as memórias de experiências educacionais principalmente na escola. Além disso, interessa também experiências educacionais nas mais variadas áreas do conhecimento escolar como Literatura, História, Geografia, Ciências Sociais, Filosofia, que tiveram como aporte metodológico para o processo ensino-aprendizagem na sala de aula a história oral, a partir de histórias de vida e entrevistas realizadas por professores e alunos do ensino Fundamental e Médio. Assim, por meio das abordagens enfatizadas nestas pesquisas, o Seminário Temático poderá ser também um espaço de reflexão acerca dos limites e das possibilidades das fontes orais.
5) ARTE, MEMÓRIA E ORALIDADE
Coordenadores:
Dr. Celson Gomes (UFPA), celsonhsgomes@yahoo.com.br
Dra. Jusamara Souza (UFRGS)
Ms. Telma Saraiva (Universidad de Málaga-Espanha), saraiva5@hotmail.com
Este Grupo de Trabalho tem como proposta a discussão e reflexão sobre Arte e Oralidade compreendendo-se que o conhecimento artístico é prenhe de significados em seus processos de produção, circulação e recepção bem como em seu aspectos de formação e atuação, podendo ser valorizados e resignificados pela memória. Para as discussões. No GT poderão ser apresentados trabalhos e pesquisas nas áreas de teatro, dança, música e artes visuais cujas investigações estejam pautadas nas fontes orais e em aspectos da produção, transmissão/recepção e da atuação, colocando-se em evidência a dimensão formativa e sociocultural da atividade artística.
6) HISTÓRIA, NATUREZA, CULTURA E ORALIDADE
Coordenadores: Dr. Eurípedes Funes (UFCE), eufunes@terra.com.br
Dra. Temis Gomes Parente (UFT), temis.parente@uol.com.br
E Dr. Marcos Montysuma (UFSC), mmontysuma@gmail.com
O Simpósio Temático “História, Natureza, Cultura e Oralidade” busca discutir as relações entre o homem e seu ambiente, na perspectiva da história ambiental, um novo campo que vem se firmando na produção historiográfica brasileira nos últimos tempos. Trata-se de refletir a relação entre natureza e cultura, em suas múltiplas possibilidades. Tomar a paisagem como fonte e entender que a paisagem construída expressa cultura. Neste sentido as temáticas e objetos de investigação são de possibilidades amplas, passando pelo processo de ocupação e exploração e transformação do meio ambiente e os impactos ambientais, os movimentos sociais e as lutas pelo direito aos bens da natureza em seus mais diferentes biomas. Debates sobre o desenvolvimento sustentável, o agronegócio, espaços de trabalho, ambiente fabril, moradia, memórias, entre tantos outros. As fontes para os estudos no campo da história ambiental são as mais diversas. Aqui nos interessa comunicações que trazem como fontes fundamentais narrativas, depoimentos, de sujeitos que vivenciaram experiências onde natureza e cultura se entrecruzam
7) CIDADE, MEMÓRIA E IDENTIDADE
Coordenadores:
Dr. José Maria da Silva (UNIFAP), jmsilva@unifap.br
Dra. Luciana Carvalho (UFOPA).
Este Simpósio Temático tem por objetivo reunir trabalhos de pesquisa que, com base na história oral, proporcionem abordagens sobre as diferentes formas de apreender, narrar e construir a cidade, assim como suas memórias e representações que proporcionam mecanismos de identidade social. A cidade, portanto, deve ser visto como um locus de dinâmicas sociais e históricas. A cidade, desde a polis grega, é o lugar onde o indivíduo se desenvolve, pois é o espaço de exercício da cidadania. Neste sentido, a cidade é o lugar das transformações sociais, do desenvolvimento da sociedade, de sua historicidade e, portanto, de formulação de sua identidade em constante movimento. Espaço miultifacetado, perpassado por diferentes formas de vida, a cidade é construída em imaginários e elementos simbólicos, através de diversas fontes narrativas – mitológicas, históricas, literárias, imagéticas, artísticas, sociológicas, entre outras. Essas narrativas proporcionam, por sua vez, a articulação de memórias sociais que nos permitem acessar as mais variadas temporalidades da vida na cidade. O Simpósio pretende ainda articular as narrativas sobre a cidade, com a formulação de memórias que permitem a discussão sobre história e sociedade, imaginário e representações culturais e a cidade e seus mecanismos simbólicos como patrimônio cultural. Além disso, pretende-se indagar sobre a centralidade desses elementos na construção de identidades, articulando a memória de longa duração com valores cambiantes da vida contemporânea.
8) HISTÓRIA ORAL E OS POPULARES NAS CIDADES BRASILEIRAS
Coordenadores:
Dr. Antonio Clarindo Barbosa de Souza (UFCG-PB)
Dra. Patrícia R. Silva (UFAM)
Ms. Venize Rodrigues (UEPA), veclanu@yahoo.com.br
O presente Seminário Temático pretende reunir contribuições de pesquisas que versem sobre a presença dos populares nas cidades brasileiras principalmente no que tange aos mais diferentes aspectos de suas vivências nestas cidades (trabalho, moradia, lazeres, educação, formas de higienização, lutas sociais, defesa dos direitos civis e humanos, etc). A ideia é reunir um grupo de pesquisadores que utiliza como método de pesquisa e abordagem metodológica a História Oral, fazendo as devidas conexões entre memórias e oralidades. No grupo, a História Oral será identificada como uma metodologia de trabalho, conforme apresenta Ferreira & Amado (1988) em consonância com outros autores, e que se constitui enquanto fonte fecunda para o historiador, pelo caráter subjetivo que possui, trazendo consigo informações que outras fontes não trazem e se configurando numa fonte privilegiada para pensar como se estruturam as cidades reais e as cidades representadas pelas/através das memórias e expressas através dos relatos orais de memória. Desta forma esperamos estar contribuindo com a discussão sobre a metodologia, do uso das fontes e da ampliação das pesquisas sobre o tempo presente.
9) HISTÓRIA E MEMÓRIA: EDUCAÇÃO, POLÍTICA E MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS NA AMAZÔNIA CONTEMPORÂNEA
Coordenadora:
Dra. Edilza Fontes (UFPA), edilzafontes@yahoo.com.br
Este Simpósio Temático pretende debater a relação entre História e Memória, como uma relação desenvolvida no campo da educação, da política e dos movimentos Sociais Urbanos na Amazônia Contemporânea. Pretendemos ampliar o debate sobre a pesquisa do tempo presente, envolvendo os usos da História Oral, os usos do passado, principalmente em relação aos movimentos sociais, a democratização da sociedade, as eleições, os partidos políticos, e as lutas sociais desenvolvidas em torno da ampliação do direito a moradia, educação, saúde e cultura.
10) CULTURA POPULAR E ORALIDADES URBANAS.
Coordenadores:
Ms. José do E. Santos Junhor (UFPA-Cametá), jespiritodj@yahoo.com.br
Ms. Tony Leão da Costa (Seduc-PA)
A proposta deste Seminário Temático “Cultura Popular e Oralidades Urbanas”, visa contemplar análises que tenham em seu foco as diversas formas de oralidades urbanas presentes nas grandes, pequenas e médias cidades da região amazônica. Seu eixo de atenção está na definição da cidade enquanto espaço privilegiado de múltiplas experiências individuais e coletivas, compartilhadas nas sociabilidades festivas, religiosas, políticas e em várias outras expressões humanas. Nesse sentido o GT, a fim de estimular o debate acerca das experiências cotidianas de sociabilidade presentes nas cidades da Amazônia, contemplará trabalhos de pesquisas com fontes orais, memórias individuais e coletivas, que desenvolvem temáticas afinadas com a cultura popular, música, religiosidade e cultura política que trabalhem com os recursos.
11) A HISTÓRIA ORAL COMO ESPAÇO DE REINVENÇÕES DE TRADIÇÕES E REAFIRMAÇÕES DE IDENTIDADE E TERRITORIALIDADES.
Coordenadores:
Maria Cristiane Pereira de Souza (Rondônia)
Xênia de Castro Barbosa (IFRO)
Márcia Nunes Maciel (USP)
Este grupo de trabalho pretende ser um espaço de discussão e debate sobre pesquisas no campo da oralidade que tratam da relação entre Memória, Identidade e Territorialidades como processos de reinvenções de sujeitos e coletividades. Nosso objetivo é de trocar experiências e reunir pesquisas em Historia Oral e demais perspectivas de estudos com oralidades para percebemos as possibilidades de interpretações dos processos de constituição subjetiva das populações amazônicas dentro dos contextos de suas organizações políticas, culturais, sociais e econômicas. Buscamos conhecer as múltiplas práticas procedimentais de acesso as comunidades (ribeirinhas, quilombolas, indígenas e citadinos) e estabelecer um diálogo com os pesquisadores oralistas e da oralidade que atuam na Amazônia, tendo em vista a necessidade de construirmos uma rede de intercâmbios de experiências de forma a propiciar um debate sobre as categorias de análises utilizadas para a compreensão do espaço amazônico, levando em conta a sua dinâmica própria de mudanças e as intervenções externas como os projetos desenvolvimentistas e nesse contexto de disputas de espaços perceber os processos de construções de novas territorialidades e afirmação de histórias e identidades.
12) GÊNERO: REPRESENTAÇÕES E MEMÓRIA SOCIAL
Coordenadoras:
Dra. Maria Luzia Miranda Álvares – GEPEM/FCS/UFPA
Dra. Denise Machado Cardoso - GEPEM/FCS/UFPA
Os estudos que envolvem a perspectiva da história oral apresentam uma metodologia que enfatiza a memória. E, essas memórias expressas em narrativas trazem tanto o que é lembrado pelas pessoas, como os seus esquecimentos, pois ambos são seus elementos constitutivos, seja a memória individual ou coletiva. A história oral permite a investigação e debate de aspectos sociais de um modo diferenciado da maneira como a historiografia oficial trata o passado em diversas temáticas, como é o caso, por exemplo, dos estudos que possibilitam o reconhecimento da importância das mulheres nos espaços públicos e, portanto, espaços decisórios e dinâmicas sociopolíticas políticas.
Os depoimentos orais possuem uma pluralidade de aspectos subjetivos na medida em que a memória envolve uma carga emocional forte e que interfere na narrativa e na interpretação, possibilitando a ampliação de estudos acerca de mulheres de diferentes culturas e de movimentos sociais de diversos matizes, suas práticas e saberes. Dessa forma, recuperar as lembranças, partindo de noções comuns de uma pessoa sobre o mundo vivido e compartido com o outro tendo como fio condutor o modo de vida e as práticas culturais locais, tende a referenciar modelos de comportamento das gerações contemporâneas e das próximas. Para Halbwachs (1990), essa memória reconstrói o passado através de nossos afetos e de expectativas diante do vir-a-ser, operando como resistência em torno das relações de poder, ao tempo em que serve de mantenedora dos valores sociais. A memória não pode ser pensada somente como um registro histórico dos fatos, mas integração entre elementos significantes da vida social em permanente processo de reconstrução.Esta proposta espera contribuir no estudo da linguagem das relações de gênero na sociedade amazônica, fundamental na emergência de uma história das mulheres e de seus parceiros conviventes numa região em que as representações sociais, em outras linguagens oficiais, têm selado uma visão mitológica de suas ousadias e de seu cotidiano. Identificar processos de vivências, de práticas e de políticas de resistência ao status quo feminino inscreve-se na perspectiva de significação desses estudos com vistas, também, a articular a perspectiva de gênero, com a geração, a classe e a raça/etnia.
13) QUILOMBOS, MEMÓRIAS E ETNICIDADE: PRÁTICAS CULTURAIS E RESISTÊNCIAS NEGRAS NA AMAZÔNIA
Coordenadoras:
Dra. Benedita Celeste de Moraes Pinto (Campus Universitário do Tocantins - UFPA/Cametá), celestepinto@ufpa.br e celeste.pinto@bol.com.br
Dra. Andrea Silva Domingues (Universidade Vale do Sapucaí – UNIVAS/Pouso Alegre MG). andrea.domingues@gmail.com.br
Como qualquer experiência humana, a memória é também um campo minado pelas lutas sociais: um campo de luta política, de verdades que se batem, no qual esforços de ocultações e de clarificação estão presentes na disputa entre sujeitos históricos diversos, produtores de diferentes versões, interpretações, valores e práticas culturais. A memória histórica constitui uma das formas mais poderosas e sutis de dominação e legitimação de poder. Reconhecemos que tem sido sempre o poder estabelecido que definiu, ao longo do tempo histórico, quais memórias e quais histórias deveriam ser consideradas para que fosse possível estabelecer uma certa memória capaz de cunhar uma História “certa”. Desse modo, busca-se retornar um sentido para tematizar o social que nos permita compreendê-lo como constituído e instituinte de práticas sociais, culturais e religiosas de diversos e múltiplos agentes da cultura afro-brasileira, com foco especial na Amazônia. Um social, portanto, dinâmico, no qual homens e mulheres possam ser reconhecidos como sujeitos sociais na história que queremos produzir. Práticas culturais, religiosidades, relações de gênero e maneiras de fazer-se afro-brasileiras e afro-brasileiros abrange também a importância dos laços de sociabilidades, a cultura sensível e material de homens e mulheres descendentes de negros escravos e quilimbolas. Os laços de sociabilidade permitem uma análise das relações de poder existentes na sociedade, o estudo e percurso histórico das tradições familiares e o quanto estas vão se esmaecendo na história moderna. Estas práticas culturais e maneiras de fazer-se permitem, ainda, o estudo da memória entrecruzada de diferentes linguagens e signos da oralidade, além da análise das relações de espaço – cidade e campo – e tempo, dentro das trajetórias de vida individual e coletiva.
14) MEMÓRIA E NARRATIVA ORAL
Coordenador:
Dr. José Guilherme Fernandes (UFPA), mojuim@uol.com.br
A sessão visa indicar as relações entre memória e o gênero textual narrativo, particularmente o oral, considerando-se a narrativa como texto organizador da cultura, enquanto mito, particularmente no meio das populações tradicionais, além de representação identitária da nação, mediante elementos simbólicos do imaginário coletivo. Transversalmente a essa discussão, os conceitos e atributos da memória serão debatidos, sem se perder de vista que, mesmo sendo coletiva, a memória ocorre mediante a lembrança do indivíduo, se constituindo na intersubjetividade, na performance do narrador e nas práticas discursivas do saber local.
“E agora? Vou passar o meu texto oral para a escrita? Não. É que a partir do momento em que eu o transferir para o espaço da folha branca, ele quase que morre. Não tem árvores. Não tem ritual. Não tem as crianças sentadas segundo o quadro comunitário estabelecido. Não tem som. Não tem dança. Não tem braços. Não tem olhos. Não tem bocas. O texto são bocas negras na escrita, quase redundam num mutismo sobre a folha branca. […] No texto oral já disse não toco e não o deixo minar pela escrita, arma que eu conquistei ao outro. Não posso matar o meu texto com a arma do outro. Vou é minar a arma do outro com todos os elementos possíveis do meu texto. Invento outro texto. Interfiro, desescrevo para que conquiste a partir do instrumento escrita um texto escrito meu da minha identidade” (Manuel Rui, ficcionista e poeta angolano).
15) HISTÓRIA ORAL E ESTUDOS CULTURAIS: Memória, Poder e Saberes Locais
Coordenadores:
Dr. Agenor Sarraf Pacheco (GECA/CNPq/UFPA)
Dr. Mário Médice Costa Barbosa (GECA/CNPq/IFPA)
As relações entre o campo teórico dos Estudos Culturais, seja ele de tradição britânica, norte-americana ou latino-americana, com a História Oral tem aberto novas perspectivas de abordagens à escrita do conhecimento em humanidades. Inspirando a construção de análises em perspectivas interdisciplinares que alcançam a História, a Antropologia, a Sociologia, a Comunicação, as Artes, a Museologia, a Literatura, a Educação, a Geografia, por exemplo, esse diálogo entre História Oral e Estudos Culturais assume lugar estratégico para se discutir temáticas atinentes ao mundo amazônico. Na esteira desse entendimento, a proposta do GT é dialogar com pesquisas que tomando a memória oral, as relações de poder, os saberes locais como um dos eixos temáticos da investigação, tragam à tona reflexões sobre exp eriências sociais de povos e culturas constituintes de realidades amazônicas em diferentes tempos e territórios.